Por Danillo Oliveira
Em tempos de debates acalorados sobre a alocação de recursos públicos, é comum surgirem críticas infundadas sobre os investimentos em eventos culturais, como os festejos juninos. Uma das ideias equivocadas mais recorrentes é a de que o dinheiro gasto com festas poderia, automaticamente, ser redirecionado para áreas como saúde ou educação. No entanto, isso ignora um aspecto fundamental da gestão pública: a existência das chamadas verbas carimbadas.
Esses recursos têm destinação específica e não podem ser utilizados livremente em qualquer setor. No caso dos festejos juninos, os investimentos geralmente vêm de fontes ligadas à cultura, turismo e desenvolvimento econômico — seja por meio de editais, convênios com o governo estadual ou federal, ou emendas parlamentares destinadas exclusivamente a esse tipo de ação. Ou seja, não realizar a festa não significa, de forma alguma, que esse valor será automaticamente revertido para postos de saúde ou escolas.
Mais do que simples celebrações populares, os festejos juninos representam um patrimônio imaterial do povo nordestino, com forte apelo cultural, histórico e econômico. O gestor que consegue captar recursos para realizar uma festa de São João, por exemplo, está promovendo mais do que entretenimento: está gerando emprego e renda para artistas locais, comerciantes, produtores culturais, setor de serviços e turismo.
A realização dessas festas movimenta a economia, atrai visitantes, aquece o comércio e fortalece a identidade cultural das cidades. É uma cadeia produtiva importante, que valoriza talentos locais e impulsiona o desenvolvimento regional. Criticar esse tipo de investimento sem compreender seu impacto social e econômico é ignorar o papel estratégico da cultura no crescimento sustentável dos municípios.
Em resumo, os investimentos em festejos juninos são legais, direcionados e com finalidade específica. O gestor que trabalha para trazer recursos destinados à cultura está, sim, exercendo uma gestão eficiente e comprometida com o desenvolvimento integral da cidade. É preciso desmistificar a falsa dicotomia entre cultura e áreas essenciais como saúde e educação — todas elas são pilares de uma sociedade equilibrada e justa.